Mônica Leite (2001) - Módulo de Deformação


O objetivo foi avaliar a possibilidade de utilização de resíduos gerados pela construção civil como substitutivo, total ou parcial, do agregado natural para produção de concretos convencionais.
Para o estudo, optou-se por utilizar o resíduo como ele sai das fontes geradoras, completamente misturado.
Para avaliar algumas das características de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição (RCD), foram definidas as variáveis de resposta abaixo relacionadas:
 • Massa específica do concreto no estado fresco;
 • Trabalhabilidade, medida pelo índice de abatimento do concreto;
 • Resistência à compressão axial (fc);
 • Resistência à tração por compressão diametral (ft’D);
 • Resistência à tração na flexão (ft’F);
 • Módulo de deformação (Ec)
       Partindo então, das variáveis de respostas que se desejaria quantificar, foram definidas as variáveis que seriam trabalhadas:
• Relação água/cimento (a/c): foram utilizados cinco níveis de relação água/cimento: 0,40; 0,45; 0,60; 0,75; 0,80.
• Teor de substituição do agregado graúdo e do agregado miúdo por RCD: 0%, 11,5%, 50%, 88,5%, 100%.
        Os traços utilizados na tabela 39 para o concreto de referência apresentam o teor de cimento, agregado miúdo e agregado graúdo para cada a/c utilizado.


 (fonte: Leite, 2001)

Na dosagem dos concretos com agregados reciclados, a substituição do material convencional foi em volume, ou seja, considerou-se a diferença entre as massas específicas.

6) MÓDULO DE DEFORMAÇÃO
“É a relação entre a tensão que é aplicada no material e a deformação resultante dela. Está relacionado com a rigidez deste material”.

Os resultados obtidos por Leite (2001) apontam reduções de até 40% para o módulo de deformação de concretos com agregados reciclados.

As reduções no módulo de deformação dos concretos reciclados são tanto maiores quanto maiores forem as relações a/c e os teores de AGR utilizados na produção dos concretos, devido à maior porosidade introduzida no sistema.

Quanto ao Agregado Graúdo Reciclado (AGR):
               • De acordo com MEHTA e MONTEIRO (1994), um maior módulo está relacionado com uma maior quantidade de agregados densos numa mistura de concreto. Portanto, o aumento da quantidade de agregados porosos (AGR) nas misturas de concreto diminui o módulo.

Quanto à relação água/cimento (a/c):
Observa-se que, à medida que a relação a/c aumenta, o módulo de deformação do concreto tende a uma diminuir. Isto porque o módulo de deformação está muito ligado à porosidade da pasta de cimento, e esta porosidade aumenta com o aumento da relação a/c.

Quanto à relação AMR x AGR:
Para valores de AGR menores que 50%, o módulo de deformação dos concretos aumenta à medida que o teor de AMR aumenta. Isso pode ser explicado pela melhoria da matriz e da zona de transição do concreto para baixos teores de AGR quando combinados com AMR.
Para valores de AGR maiores que 50%, quanto maior o teor de AMR, menores são os valores de módulo obtidos. 



(fonte: Leite, 2001)

Com exceção do traço com 100% de AMR e 0% de AGR, que apresentou um aumento de cerca de 10 a 15% no módulo, e de alguns casos no traço com 11,5% de AGR, as demais misturas com agregados reciclados apresentaram módulo de deformação mais baixo que o concreto de referência. Esse comportamento era esperado em virtude da porosidade introduzida nos concretos com o uso de agregado graúdo reciclado.
Os concretos com 100% de AMR e AGR apresentaram taxas de redução do módulo que variaram entre 24 e 38%.