O objetivo foi avaliar a possibilidade
de utilização de resíduos gerados pela construção civil como substitutivo,
total ou parcial, do agregado natural para produção de concretos convencionais.
Para o estudo, optou-se por utilizar o
resíduo como ele sai das fontes geradoras, completamente misturado.
Para avaliar algumas das
características de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de
construção e demolição (RCD), foram definidas as variáveis de resposta abaixo
relacionadas:
• Massa específica do concreto no estado fresco;
• Trabalhabilidade, medida pelo índice de abatimento do concreto;
• Resistência à compressão axial (fc);
• Resistência à tração por compressão
diametral (ft’D);
• Resistência à tração na flexão (ft’F);
• Módulo de
deformação (Ec)
Partindo então, das variáveis de respostas
que se desejaria quantificar, foram definidas as variáveis que seriam
trabalhadas:
• Relação água/cimento (a/c): foram utilizados cinco níveis de relação
água/cimento: 0,40; 0,45; 0,60; 0,75; 0,80.
• Teor de substituição do agregado graúdo e do agregado miúdo por RCD:
0%, 11,5%, 50%, 88,5%, 100%.
Os traços utilizados na tabela 39 para o
concreto de referência apresentam o teor de cimento, agregado miúdo e agregado
graúdo para cada a/c utilizado.
(fonte:
Leite, 2001)
Na dosagem dos concretos com agregados
reciclados, a substituição do material convencional foi em volume, ou seja,
considerou-se a diferença entre as massas específicas.
6) MÓDULO DE DEFORMAÇÃO
“É
a relação entre a tensão que é aplicada no material e a deformação resultante
dela. Está relacionado com a rigidez deste material”.
Os resultados obtidos por Leite (2001)
apontam reduções de até 40% para o módulo de deformação de concretos com
agregados reciclados.
As reduções no módulo de deformação
dos concretos reciclados são tanto maiores quanto maiores forem as relações a/c
e os teores de AGR utilizados na produção dos concretos, devido à maior
porosidade introduzida no sistema.
Quanto ao
Agregado Graúdo Reciclado (AGR):
• De acordo com MEHTA e MONTEIRO (1994), um maior módulo
está relacionado com uma maior quantidade de agregados densos numa mistura de
concreto. Portanto, o aumento da quantidade de agregados porosos (AGR) nas
misturas de concreto diminui o módulo.
Quanto à relação água/cimento (a/c):
• Observa-se que, à medida que a relação
a/c aumenta, o módulo de deformação do concreto tende a uma diminuir. Isto
porque o módulo de deformação está muito ligado à porosidade da pasta de
cimento, e esta porosidade aumenta com o aumento da relação a/c.
Quanto à
relação AMR x AGR:
• Para valores de AGR menores que 50%, o
módulo de deformação dos concretos aumenta à medida que o teor de AMR aumenta. Isso
pode ser explicado pela melhoria da matriz e da zona de transição do concreto
para baixos teores de AGR quando combinados com AMR.
• Para valores de AGR maiores que 50%,
quanto maior o teor de AMR, menores são os valores de módulo obtidos.
(fonte: Leite, 2001)
• Com
exceção do traço com 100% de AMR e 0% de AGR, que apresentou um aumento de
cerca de 10 a 15% no módulo, e de alguns casos no traço com 11,5% de AGR, as
demais misturas com agregados reciclados apresentaram módulo de deformação mais
baixo que o concreto de referência. Esse comportamento era esperado em virtude
da porosidade introduzida nos concretos com o uso de agregado graúdo reciclado.
• Os
concretos com 100% de AMR e AGR apresentaram taxas de redução do módulo que
variaram entre 24 e 38%.